quinta-feira, 3 de março de 2016

CORUPÁ EXTREME MARATHON

Aconteceu no último dia 27 de fevereiro a incrível CORUPÁ EXTREME MARATHON. A prova se dividiu em 3 distâncias: 12K, 23K e 50K e contou com a presença de alguns dos maiores do cenário Trail Running brasileiro.
Saímos de Curitiba no final da tarde de sexta-feira, dia anterior a competição. Seguimos em direção à Corupá, quase 200Km distante de Curitiba, eu, Cláudio Lazzarotto e Geison Ignácio, Logo que chegamos, perto das 20h já sentimos o "bafo quente" que nos recepcionava. Corupá é situada num vale, as temperaturas são altas no verão e a unidade relativa do ar lembra muito a Amazônia. Jantamos rapidamente e nos dirigimos ao local da entrega de kits e conferência técnica, o lindo Seminário. Lá também iríamos pernoitar. Fizemos o social e fomos arrumar as coisas para dormir. O calor era praticamente insuportável e dormimos no meio do corredor, onde pelo menos conseguíamos uma brisa e vento fraco, mas que já ajudava.
Ao acordar perto das 6h da manhã, os atletas dos 50K, incluindo o Geison, já haviam deixado o alojamento e iniciavam sua dura jornada. Eu e o Cláudio arrumamos os últimos detalhes, tomamos um belo café da manhã e partimos ao local de largada, que aconteceria as 8h da manhã, já com as temperaturas elevadas do vale.
Vale descrever um pouco mais o Seminário. Logo ao despertar pude observar melhor as belas cores e paisagens do local. Um prédio antigo e imponente, com muitos corredores largos que levam aos diversos alojamentos existentes. Sua natureza é exuberante, digna daqueles cenários de filmes.
Eu participei da prova dos 23K por duas razões: primeiro porque estou me recuperando de uma lesão no joelho e segundo porque achei que a listagem de atletas seria um pouco mais fácil na concorrência. Grande engano, na minha opinião os 23K estavam mais fortes em nível dos atletas do que os 50K. Vários que poderiam disputar bem a maior distância optaram por participar da distância menor, seja por lesão, recuperação ou treinamento específico para alguma outra prova.
Largamos e logo vi que seria pedreira. Os dois primeiros quilômetros são de paralelepípedo e asfalto. O primeiro pelotão abriu um pouco de distância com 3 atletas, Serginho, Cristiano Ribeiro e outro que não conhecia. Fiquei posicionado no segundo pelotão com o Leonardo Meira, Rodrigo Neves e a Leticia Saltori. Foi quando olhei para o meu GPS e o primeiro quilômetro fechou em 3:32min/km. Pensei comigo mesmo, "tá forte demais", mas sabia que se diminuísse no inicio ficaria muito para trás nas trilhas. Batemos o segundo quilômetro para 3:35min/km, o terceiro para 3:48min/km e a estrada de chão começava com sobes e desces. O pior quilômetro foi o quinto, onde mesmo subindo fechamos para 4:00min/km. Ritmo forte e calor desgastante que provocou desistência de um dos atletas da ponta já por ali.
O primeiro pelotão abriu um pouco mais e segui com o Leonardo Meira e a Leticia Saltori até o Km 08, onde entramos nas trilhas fechadas e íngremes. Comecei a perdê-los de vista e decidi fazer o meu ritmo. A mata de Corupá é selvagem, as trilhas fechadas e em alguns pontos subíamos com o auxílio de cordas. Quando passamos pelo Km 10 abria uma outra trilha que descia forte e íngreme. Neste momento eu já pensava em como economizar minha água, pois o calor era muito forte.
Na descida tirei um pouco o pé com medo do joelho apresentar algum tipo de dor e por falta de técnica mesmo, fazia muito tempo que não ia treinar na montanha especificamente. Logo três atletas me passaram muito forte, o Marcelo, Condrati e Gabriel Paim. Bonito de ver os caras descendo!
Alcancei eles um pouco mais a frente, quando entramos nas estradas de chão mas não aguentei o ritmo imposto. Consegui ainda reabastecer de água numa mangueira e logo depois levei um tombo. Não notei que perdi uma das minhas garrafas d´água e quando fui tomar levei um susto, pois sem água não haveria como aumentar o ritmo e a performance iria diminuir com certeza. Como eu fui um dos mapeadores desta competição, lembrei que no Km 17 havia uma fonte de água com um chuveiro que saía de um cano. Já estava próximo, então resolvi aumentar o ritmo e chegar logo para tomar aquele banho. Chegando lá, os Staffs estavam muito atentos, recebendo e orientando os atletas, foi demais. Tinha atá Coca-Cola gelada. Sai revigorado para finalizar a competição.
Entramos novamente nas trilhas, atravessamos trechos com lama acima da canela até cairmos no asfalto, o temido asfalto que nos levaria novamente ao centro da cidade. Seriam quatro quilômetros, onde falando com cada atleta que conversei, todos, absolutamente todos "quebraram" no trecho. Parecia que não teria fim. O calor, a umidade e aquele asfalto conseguiram fazer a mistura perfeita para o sofrimento e a dor de alguns dos melhores atletas do país!    
Enfim, consegui finalizar em 2:40h, em 11° lugar e atingi meu objetivo principal: não sentir dores no joelho.
Na minha visão a prova foi perfeita, mesmo com o trecho de asfalto no final, pois quando precisamos de técnica ela deveria ser muito apurada. Nesta competição o atleta deveria ser rápido e resistente para manter sua velocidade no inicio, forte e técnico para administrar o meio com muitas subidas, descidas, lama e partes técnicas e deveria ser um extraterrestre para voar baixo no asfalto quente.
Um detalhe que achei interessante foi que o kit do atleta era "pobrinho" se você pensasse no valor da inscrição, porém a organização foi tão impecável nos Staffs, segurança, marcação, etc. que prefiro não receber nada no kit e contar com provas de nível técnico alto, com segurança e competição de alto nível. Falando com os atletas dos 50K, todos foram unânimes em dizer que foi uma verdadeira Corrida de Montanha.
Parabéns a toda equipe da TRC, aos atletas e aqueles que trabalharam para fazer a Corupá Extreme Marathon. Grande abraço!


3 comentários:

Long Distance na Bagagem disse...

Muito bom Raphael.
Acompanho seu blog a um tempo e apesar de já ter feito algumas provas longas de triathlon (5 Iron, 2 UpHill e algumas Maratonas, todas provas no asfalto) ainda não tenho experiencia pra me meter nesse meio, mas vontade não falta.
Falta agora aprender a ter os equipamentos certos. Por isso vou aprendendo um pouco mais com atletas experientes como você.
Vlw pelo relato detalhado da prova.
Abraço

Raphael Bonatto disse...

Obrigado Long Distance na Bagagem, muito legal seu Blog! Meu melhor amigo é Comandante e acompanho muito sua rotina de treinos, sei o quanto vocês sofrem! Parabéns e continue firme no seu caminho. Grande abraço!

Long Distance na Bagagem disse...

Raphael, vc é de Curitiba né? Seu amigo é o Leandro Menezes? Se for, já fizemos o Iron juntos e já voamos juntos também.
Vou acompanhando sua luta para a Badwater.
Abraços
Fabio Mendes