quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Clipping Revista LANCE MAIS


Raphael Bonatto, grupo das 08h00

Quando começou a praticar corridas, ainda com 7 anos de idade, Bonatto nunca imaginou que um dia, suas pernas o levariam para os lugares mais inóspitos da Terra. Tendo participado de diversas provas de 100km, 24horas e 100 milhas, foi na Brazil135 2009 que Bonatto finalmente obteve sua classificação pra Badwater. Único brasileiro a largar no grupo das 08h00, Bonatto estava confiante. Com treinos que incluíam rodagens superiores a 100 km por semana, treinos em sauna pra simular o calor do deserto e musculação, ele esperava ter se preparado de maneira adequada para o desafio. Porém o deserto é cheio de surpresas.

Bonatto passou forte por Furnace Creek, com o tempo de 2h34min. Quem larga mais tarde já parte com um sol a pino, e um calor de mais de 50º C. No caminho para Stovepipe Wells, Bonatto ia lentamente e sem perceber, entrando num estado de insolação, o que para a maioria dos corredores significa o início do fim da corrida.

Chegando a Stovepipe em 7h22min, Bonatto parou para descansar um pouco e sair do sol fustigante. Foi então que sentiu os primeiros sinais da degradação provocada pela exposição ao sol e somada à baixa umidade. Fraqueza, mal-estar e uma temperatura corporal ultrapassando os 39º C. Lutando contra seus instintos, ele tenta prosseguir mas é convencido a descansar um pouco antes de continuar.

Após 4 horas de descanso, mas ainda se sentindo muito mal, Bonatto deixa Stovepipe e ruma para Townes Pass (ponto mais alto dessa primeira parte da prova), distante 18 milhas. Ali usa um último recurso para tentar se recuperar: finca uma estaca no chão para marcar o lugar onde parou (estaca cedida pela organização da prova) e volta para Stovepipe para mais 6 horas de descanso. Após algumas horas de sono profundo, Bonatto retorna para Townes Pass, retira a estaca do chão e segue recuperado para Panamint, onde passa com o tempo de 25h45min. No restante da subida para Darwin, Bonatto só pensava que não conseguiria terminar a prova no tempo desejado nem traria pra casa um prêmio extra, o Buckle, uma fivela representando que o corredor terminou a Badwater em menos de 48 horas.

Mas foi em Darwin que tudo mudou. Não sei se foi o voo rasante de 2 caças F-22, que passaram a menos de 30 metros de nossas cabeças (o Mojave é area de exercícios militares) ou a vista maravilhosa do final do Vale da Morte ou ainda a roupa especial pra corrida no deserto que Bonatto havia comprado, mas até então não tinha testado; mas o fato é que ele voltou a correr com velocidade e só parou porque a umidade baixa havia comprometido os microvasos do seu nariz, que romperam numa torrente de sangue. Parando por alguns minutos para estancar o sangue, Bonatto tem uma outra surpresa: Jarom Thurston, o veterano, o alcança e eles resolvem terminar a prova juntos, um atleta auxiliando o outro, duas equipes juntas em prol de uma meta em comum. E foi assim que eles cruzaram a linha de chegada. Raphael com o tempo de 45h23min49seg e Jarom Thurston com 47h23min49seg (grupo das 06h00). Raphael com a foto da filha na mão, emocionado, abraça sua equipe e comemora esta vitória que ficará pra sempre impressa em sua vida.

Para ver a matéria completa segue link: http://www.lanceamais.com.br/?p=398

Um comentário:

Anônimo disse...

Eh isso ai mermao!!! Foi muito bom poder correr juntos e terminar as ultimas horas da prova um ao lado do outro. Agradeco pela forca que me deu pra cruzar aquela linha de chegada depois de tanto sofrimento, dor, e experiencias...valeu cara. Abraco, Jarom